segunda-feira, 26 de abril de 2010

Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci nasceu em Anchiano, perto de Vinci, a 15 de Abril de 1452. Era filho do notário Piero di Antonio da Vinci e de uma camponesa, Catarina.
No ano do seu nascimento, o seu pai casou com uma mulher muito mais nova, Albiera di Giovanni Amadori. Leonardo foi separado da mãe aos 5 anos de idade e, a partir de então, passou a viver com o pai.
Leonardo cresceu no campo o que poderá justificar o seu amor pela natureza. Teve uma grande paixão por cavalos que, mais tarde, foram objecto de magníficos estudos.

Em 1469, Leonardo mudou-se para Florença onde iniciou a sua aprendizagem em pintura no atelier do célebre pintor florentino Andrea del Verrocchio (1436-1488).

Em 1472 iniciou investigações anatómicas. Elaborou então inúmeros desenhos e esquemas do corpo humano. A figura ao lado é um exemplo desse trabalho.

O seu primeiro desenho, intitulado Desenho da paisagem do Vale do Arno, é datado de 1473.

Até 1480, produziu uma série de quadros pequenos, como a Madona com Cravo, a Madona Benois e, possivelmente, também a Anunciação. Em 1482, mudou-se para Milão e ofereceu os seus serviços como engenheiro, escultor e pintor a Ludovico Sforza (1451-1508).

De 1483 até 1486, juntamente com Ambrogio e Evangelista de Predis, aceitou e executou a encomenda de uma pintura de altar: A Virgem dos Rochedos.

De 1487 até 1488, trabalhou como arquitecto no atelier da Catedral de Milão.

Em 1489, Leonardo planeou um tratado de anatomia com base numa grande colecção de desenhos anatómicos que havia realizado a partir de observações e dissecações humanas e animais.

De 1489 até 1494, trabalhou na estátua equestre de Francesco Sforza em Milão. Nesse mesmo período pintou os Retrato de Cecilia Gallarani e de Lucrezia Crivelli.

De 1495 até 1498, Leonardo entregou-se à pintura de A Última Ceia encomendada por Ludovico Sforza.

Em 1500, regressou a Florença e iniciou aquele que seria o seu período mais produtivo como pintor. Na primavera desenhou um croquis para a A Virgem e o Menino com Stª Ana, cuja pintura a óleo só será concluída em 1510.

Em 1501, trabalhou num pequeno quadro da Virgem com o Menino conhecido como Madona del Fuso.

Em 1502, viajou por Itália com Cesar Borgia como arquitecto e engenheiro. Neste altura, desenhou mapas e outros tipos de representações geográficas.

Em 1503, regressou a Florença e iniciou o retrato de Lisa del Giocondo, esposa de Francesco del Giocondo. Nesta altura começou a pintura mural da Batalha de Anghiari.

Em 1513, Leonardo da Vinci foi para Roma com o seu novo mecenas, Giuliano de Medici.

Em 1514/1515 iniciou uma série de experiências científicas. Entre outras coisas, planeou a drenagem dos pântanos de Pontini, a sul de Roma.

Em 1516, após a morte de Giuliano de Medici, foi para França trabalhar na corte de Francisco I.

Morreu em Cloux em 1519. Foi sepultado na Igreja de S. Florentino, em Ambroise, destruída durante a revolução francesa.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Renascimento em Portugal


O Renascimento em Portugal estende-se de meados do século XV a finais do século XVI. O Renascimento português, para além do seu cunho próprio, nasce, principalmente em termos artísticos, da mistura do estilo gótico final com as inovações do século XV.

A subida ao trono do Mestre de Avis marca o início de uma nova época em Portugal. Novas perspectivas na evolução social, económica, política e cultural estavam em curso e marcariam o início de um novo período histórico, cultural e artístico que irá caracterizar o Renascimento em Portugal. Intensificaram-se os contactos com a Europa, o que proporcionou a Portugal receber as maiores influências dos diversos centros renascentistas da Europa, como era o caso da Itália e da Flandres, que viriam a contribuir para a consolidação dos ideais renascentistas no País.

Por sua vez, a descoberta de novos mundos e o contacto com outras civilizações levaram a uma miscigenação cultural que se reflectiria, essencialmente, na arte. O contacto com as civilizações de África e do Oriente levou à importação de numerosos objectos de cerâmica, têxteis e mobiliário, de madeiras preciosas, marfim ou seda que, por seu turno, levaram ao surgimento de novas formas artísticas resultantes dos intercâmbios culturais entre a Europa, a África e o Oriente, através dos portugueses.

Os Descobrimentos desempenharam um papel muito importante na definição do Portugal renascentista. A base da economia portuguesa continuava a assentar na agricultura, extracção de sal, pesca, nas actividades que favoreciam as exportações de vinho, azeite, fruta, mel, sal, cortiça e madeira. A estes produtos juntam-se o comércio de novos produtos como o açúcar, o ouro, a malagueta, o marfim e, mais tarde, as especiarias orientais, pérolas, sedas, entre outros.

A intensificação do comércio levou, por sua vez, ao aparecimento de uma nova classe - a burguesia comercial - possuidora de uma avultada soma de capitais e a qual viria a desempenhar um importante papel no Ultramar e na Europa, concorrendo ao lado dos mercadores estrangeiros. Portugal tornou-se, assim, a ponte de ligação entre a Europa e a África, o Oriente e o Brasil, divulgando deste modo novos hábitos e costumes.

O Renascimento português dir-se-ia caracterizado por um cosmopolitismo com duas vertentes, uma europeia e outra ultramarina. Cada vez mais portugueses frequentavam os grandes centros universitários europeus, pólos importantes dos novos ideais humanistas, nomeadamente os de Itália, Espanha e França. Paralelamente, assiste-se a uma presença constante de artistas italianos, flamengos e franceses a trabalharem no nosso país. É também nesta altura que obras de autores portugueses são com mais frequência impressas no estrangeiro. Graças aos estudos dos portugueses nas universidades estrangeiras, a fisionomia das escolas, e, consequentemente, a cultura da nação portuguesa, foi-se alterando, influenciando fortemente as universidades de Coimbra, Lisboa e Évora, a administração civil e religiosa, os centros culturais (quase exclusivamente em Lisboa) da província e até do Ultramar, especialmente em Goa.

A afluência de estudantes portugueses às grandes cidades europeias coincide com a dispersão e fixação de outros portugueses como é o caso dos soldados ou dos religiosos, no Ultramar, ocupando as cidades fortificadas no Norte de África, colonizando a Ilha da Madeira e os Açores ou percorrendo a costa africana, comerciando, evangelizando e fixando-se na Índia, na China, Malaca, Japão ou no Brasil. A própria língua virá a sofrer a influência destes contactos transoceânicos dos portugueses, particularmente com a introdução das terminologias autóctones das regiões além-mar, algumas delas persistindo ainda nos dias de hoje.

A própria arte (escultura, pintura, arquitectura, iluminura, ourivesaria, porcelanas, mobiliário, tapeçarias) reflecte estes contactos através do mar, da naútica, dos povos, da fauna e da flora exóticas, etc. A arquitectura desta época assume um cunho muito nacional: o manuelino. Os antecedentes da arquitectura dita manuelina remontam ao movimento de renovação que ocorre no país desde o início da expansão primeiro no Norte de África e depois para o Atlântico Central e Sul. O resultado destas missões, destes descobrimentos, o crescente gosto pelo exotismo devido ao contacto com novos povos e civilizações levaram os senhores, laicos ou eclesiásticos, a remodelar as suas construções, dotando-as de uma nova expressividade, mais exuberante e original.

Para se entender o manuelino, temos de ter em conta que no século XV houve em Portugal dois tipos de gótico: um tradicionalista e outro flamejante. Portugal não foi, todavia, uma excepção ao manter as estruturas góticas durante o século XVI cobertas ou não pela vegetação luxuriante do manuelino. O manuelino é, pois, um tipo decorativo que surge em Portugal nos finais do século XV e inícios do século XVI, durante o reinado de D. Manuel I (1496-1521) e que atinge o seu apogeu nesta época. Por isso, essa variante gótica nacional recebe a designação de manuelino. Para além da arquitectura, aparece toda uma espécie de obras de carácter mais técnico e ligadas à gesta dos Descobrimentos, como as cartas, mapas-mundo, globos, planisférios e literatura relacionada com o Ultramar, onde constam tratados sobre a arte de navegar, roteiros, relatórios de naufrágios, itinerários, crónicas, tratados de medicina tropical, etc.

As obras referentes ao Ultramar imprimidas em Portugal estão entre as mais procuradas na Europa da altura, sendo traduzidas em várias línguas. O aparecimento de uma nova literatura e o aperfeiçoamento da ciência naútica, para além da própria experiência de vida dos portugueses, no que respeita à epopeia dos Descobrimentos, constitui um dos pilares socio-culturais do Renascimento português. Portugal acaba por influenciar, também, através das suas publicações, toda a Europa, ao mesmo tempo que recebe a influência do Humanismo patente nestes centros, dando origem a uma atitude crítica com base na experiência ou na observação directa dos factos, desmistificando algumas lendas medievais.

Toda a sociedade é atraída pela expansão ultramarina, ao mesmo tempo que nas grandes cidades e na província surgem homens de várias nacionalidades com profissões específicas, que contribuem para a constante aprendizagem e evolução do pensamento nacional, cruzando-se muitas vezes religiões, importando-se livros e objectos de arte que influenciam uma nova mentalidade: a do Homem renascentista ou humanista.